Rev. Hernandes Dias Lopes -08/06/2025 12:24 6z5n6d
“As
suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige
condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma,
e, assim, todos eles juntamente urdem a trama” (Mq 7:3).
O profeta Miquéias, há dois mil e setecentos anos, faz
um diagnóstico de sua nação e o resultado do meticuloso exame é assustador. As
entranhas da nação estão infectadas por uma doença mortal. Há metástases desse
tumor maligno em todos os setores da sociedade. O mal é urdido nas mais altas
rodas do poder. O crime é planejado diligentemente. É colocado em ação sem
qualquer temor de ser desmantelado. Os poderes constituídos são os
protagonistas dessa prática nefasta. Depois de mais de dois milênios, muita
coisa mudou, mas o corrupto coração humano continua o mesmo. Lidamos hoje com
os mesmos problemas. Vejamos o diagnóstico feito pelo profeta Miquéias.
Em primeiro lugar, o mal é praticado
diligentemente. “As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente”. A
sociedade está refém de uma liderança que se levantou para explorar o povo em
vez de servi-lo. São cuidadosos para planejar o mal e não o bem. São ágeis para
explorar os pobres em vez de assisti-los. São predadores impiedosos que roubam
dos indefesos o pouco que têm para viverem na opulência.
Em segundo lugar, os líderes são injustos e
impiedosos. “O príncipe exige condenação”. E condenação de quem? Dos
transgressores da lei? Não, dos inocentes e indefesos. Daqueles que não têm vez
nem voz. Daqueles que são explorados e não têm a quem recorrer ou apelar. Os
que estão no poder são desprovidos de urbanidade e misericórdia. São homens
pedra, insensíveis e cruéis. Governam com mão de ferro sobre os piedosos, para
aumentar os favores aos que estão empoleirados no poder.
Em terceiro lugar, os juízes são corruptos. “O juíz aceita suborno”. Uma nação fica desassistida de esperança quando
as cortes que têm o sagrado dever de restabelecer a verdade, fazer cumprir as
leis e estabelecer a justiça se tornam o mais poderoso instrumento de violência
e opressão. Os juízes tinham lado. Não julgavam pelos autos do processo, mas
pela capa do processo. Ao príncipe todos os favores da lei; ao povo oprimido
todos os rigores da lei. As sentenças favoráveis aos poderosos eram compradas
por dinheiro. Os juízes julgavam movidos pelo suborno e não conforme os ditames
da lei.
Em quarto lugar, o esquema de corrupção
acontecia publicamente. “O grande falava dos maus
desejos de sua alma”. Aqueles que detinham o poder econômico tinham tanta
garantia de que não seriam apanhados pelo braço da lei, que expunham a céu
aberto os maus desejos de sua alma. A injustiça praticada por eles era do
conhecimento de todos. A corrupção estava escancarada. O mal não estava
escondido nos cofres, mas publicado para todos saberem.
Em quinto lugar, o consórcio da corrupção é
colocado em ação. “E, assim, todos eles juntamente urdem a trama”. Governantes,
juízes e aristocracia se unem para orquestrar o esquema de corrupção, para
colocarem em movimento o mal urgido nos bastidores do poder. A nação vai ser
saqueada. O povo vai ser explorado. Os inocentes vão ser condenados. A
esperança dos indefesos vai ser esmagada debaixo das botas dos poderosos.
Triste realidade de uma nação que estava às portas do juízo, à beira do exílio.
Que Deus nos livre do mesmo destino!